OS SEGREDOS DA MAÇONARIA



Quando se afirma que algo ou alguém tem um grande segredo, logo surgem as lendas, superstições e boatos. Assim ocorre com os segredos do Vaticano e do Governo Americano; com relação aos ÓVNIS. Embora os segredos possam realmente existir, talvez eles não sejam tão interessantes quanto o público espera que eles sejam. Assim ocorre com os segredos da Maçonaria.
Tirando as decisões políticas que são tomadas em momentos críticos da História de determinadas nações, como ocorreu, por exemplo, no Brasil, na época da Inconfidência Mineira, restam os considerados “Altos Segredos”, que normalmente se resumem em ritos, dogmas e mistérios tirados do judaísmo e do paganismo babilônico e egípcio, de forma bem semelhante às crenças de sociedades espiritualistas.
Alguns dizem que o maior segredo do qual o neófito toma conhecimento ao ingressar na Maçonaria é o fato de que a Maçonaria não tem segredos tão incríveis ou surpreendentes quanto se diz.
Muitos maçons afirmam até mesmo que a Maçonaria não é uma sociedade secreta e sim apenas uma sociedade discreta.
OS SEGREDOS
Vamos fazer um acordo: eu conto um segredo e você, promete não revelá-lo a ninguém. Antes de topar o trato, você precisa saber que os outros que lerem este tópico  conhecerão o mesmo segredo. Mas eles também se comprometerão a ficar de bico fechado.
Agora, cá entre nós: quais as chances de nenhum dos envolvidos quebrar o trato e contar o que ficou sabendo para a patroa que por sua vez vai contar para a irmã, que vai dividir a novidade com as amigas do salão de beleza e daí para o mundo? Você apostaria na possibilidade de mantermos o tal segredo em sigilo?
Na cabeça de muita gente, a maçonaria foi capaz dessa proeza. Uma tarefa árdua. Os integrantes da mais conhecida entre as organizações secretas guardariam um grande segredo bombástico, revelado somente para quem concorda em ser iniciado numa sessão cercada de mistério.
Por outro lado, são vários os rituais, símbolos e conchavos políticos que deveriam ficar restritos às 4 paredes (obrigatoriamente sem janelas) de um templo maçônico, mas que estão descritos nas próximas páginas.
Segredos e histórias que foram reveladas a gente graúda como Benjamin Franklin, Simón Bolívar, pelo menos 17 presidentes americanos e D. Pedro I que entre os maçons brasileiros atendia pelo exótico apelido de Guatimozim.
A HISTÓRIA
Para quem gosta tanto de segredos, nada melhor do que começar a própria história com um relato misterioso e que não pode ser comprovado.
A origem da palavra maçom está no inglês, mason, que quer dizer pedreiro. Por isso, é forte a crença de que os primeiros integrantes da organização davam duro em canteiros de obras do passado.
A lenda mais famosa conta que a origem da maçonaria está na construção do grande templo de Salomão, em Jerusalém, narrada no Velho Testamento. Durante a obra, Hiram Abiff, o engenheiro-chefe, foi assassinado por 3 de seus pupilos. O motivo do crime é nebuloso, mas envolveria segredos de construção guardados em segredo, por Hiram e uma disputa por promoções de cargo. O fato é que Hiram foi para o túmulo, mas não revelou o que sabia. Além de mártir, virou exemplo de bom comportamento maçônico.
Para muitos maçons, é aí que começa a sua história, apesar de existir quem defenda que Moisés, os construtores da Torre de Babel e até Deus são maçons afinal, o todo-poderoso não construiu o mundo em 6 dias?
Outra tese, também sem comprovação, é defendida por historiadores maçônicos e apontam a maçonaria como herdeira direta dos poucos cavaleiros templários que foram trucidados por ordem do papa Clemente V e do rei da França Felipe IV (O Belo), entre 1307 e 1314.
Já outros pesquisadores, porém, acreditam que a origem da maçonaria moderna estaria nas corporações de ofício, espécie de sindicatos da Idade Média. Especificamente na corporação dos pedreiros, que reunia alguns dos trabalhadores mais qualificados da Europa gente que construía catedrais gigantescas, como a belíssima abadia de Westminster, na Inglaterra, que recebe fiéis até hoje. Como esses truques profissionais significavam bons salários, era natural que os maçons cultivassem o hábito de mantê-los em segredo.
Ficou conhecida como maçonaria operativa esse período em que os integrantes da ordem colocavam a mão na massa.
Entre os séculos 16 e 17, as técnicas de construção começaram a perder valor e as corporações mudaram o tom das reuniões. Especialmente na Grã-Bretanha, elas ganharam traços de alquimia e rituais simbólicos. Também se abriram para quem não trabalhasse com construção, mas topasse guardar segredo sobre o que acontecia nos encontros. Começou a fase da maçonaria especulativa, voltada para o conhecimento filosófico que dura até hoje.
O crescimento atraiu nobres. Era chique participar daqueles encontros com ar de sarau secreto. Os antigos trabalhadores, por sua vez, adoravam estar ao lado da nobreza.
Em cidades da Inglaterra, surgiram lojas (como são chamados os grupos de reunião) e, em 1717, 4 delas se reuniram para fundar a Grande Loja de Londres, o Vaticano da maçonaria, até hoje a mais importante instituição mundial da ordem.
5 anos mais tarde foi escrita a Constituição de Anderson, texto redigido pelo maçom  e Reverendo (Anglicano)  James Anderson que colocava no papel todas as normas e rituais transmitidos oralmente.
As lojas escolheram também seu primeiro grão-mestre, um sujeito chamado Anthony Sayer, que estava longe do glamour que o cargo teria no futuro, quando seria ocupado até por herdeiros do trono inglês. Quando morreu, Sayer era um simples vendedor de livros em Covent Garden, região de Londres que até hoje é sede de uma feirinha dessas com jeitão alternativo.
IDÉIAS
Mas o que esses homens faziam e ainda fazem em suas reuniões?
Basicamente, discutem o caminho que o planeta deve tomar. E o rumo proposto é o da Luz, como eles se referem ao pensamento racional.
A idéia é que se cada indivíduo refletir sobre suas atitudes e buscar sempre o caminho do bem e da perfeição, a sociedade vai caminhar naturalmente para o progresso.
É uma filosofia, uma maneira de encarar o mundo, que foi um bocado revolucionária ao surgir no século 18, época em que reis controlavam o corpo e a Igreja, as mentes das pessoas.
Para debater idéias, maçons criaram uma série de regras e tradições que no período do surgimento da maçonaria especulativa foi especialmente rico no que ele chama de invenção de tradições, muito por causa das rápidas transformações que a sociedade vivia com mudanças nos costumes sociais e na divisão do poder.
Foi nessa mesma época que surgiriam outras organizações do tipo, como a Rosacruz e a Iluminati .
A maçonaria, que acabaria sendo a mais forte e poderosa de todas, se desenvolveu como uma fraternidade que funciona como Estado, com hierarquias e legislação.
E cada maçom tem liberdade de pensamento. No fundo, a maçonaria não é uma, são várias. E ao contrário do que muitos pensam a ordem não formou um grupo uniforme. Cada país teve autonomia para definir seus rumos e caminhos, o que fez a ordem ter inclinações diferentes ao redor do globo: na Inglaterra e no Brasil, era ligada à aristocracia política; na França, anticlerical e pragmática; na Itália, revolucionária.
Diferenças entre as maçonarias existem. Mas também há muita coisa em comum em especial, as regras e os rituais.
Ser admitido na maçonaria, por exemplo, requer paciência em qualquer lugar do mundo. O candidato precisa ser convidado por um maçom, passar por entrevistas e ter a vida investigada por integrantes da ordem. São aceitos apenas homens que acreditam em Deus, têm pelo menos 21 anos e nenhuma deficiência física.
As sessões acontecem em templos cheios de simbologia. Entrar num templo maçônico é mergulhar num espaço codificado. O templo não tem janelas e a entrada é voltada para o ocidente. No outro extremo, o oriente para a maçonaria, é dali que vem o conhecimento. É nessa área também que fica o altar de onde a autoridade mais alta comanda a sessão. Nas paredes, há 12 colunas, uma corda com 81 nós e outros símbolos como as pedras bruta e polida, que representam os momentos pré e pós-iniciação.
Durante as cerimônias, os homens vestem aventais. Chamam de Grande Arquiteto do Universo, a Deus.
Mas um Deus tratado dentro dos valores de tolerância religiosa do deísmo, tradição que recusa a idéia de que uma instituição tem o poder para fazer a ligação com o divino. E por isso um maçom pode ser judeu, católico, muçulmano.
Essas reuniões misteriosas, adivinhem só, colocaram a maçonaria em rota de colisão com o Vaticano.
Tanto que 2 bulas papais condenando a ordem chegaram a ser emitidas por Clemente 12 e Bento 14. Como outros governos, o Vaticano também se molestava com a atmosfera de segredo com a qual se cercava a maçonaria.
A tensão hoje é menor, mas ainda existe. Em 1983, quando comandava a Congregação para a Doutrina da Fé, o hoje papa Bento XVI publicou a Declaração sobre as associações maçônicas. O texto não deixa dúvidas: Os fiéis que pertencem às associações maçônicas estão em pecado grave, escreveu.

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