AS ORIGENS INICIÁTICAS E RELIGIOSAS



QUEM SOU EU? QUEM ÉS TU?

Aristóteles disse no século IV a.C: O homem é um animal racional.
No texto abaixo, Mário Sérgio Cortella, explica de maneira eficiente, “Sabe com quem está falando”? 

"Universo foi formado provavelmente há 15 bilhões de anos (teoria do “Big Bang”). O nosso universo tem um formato cilíndrico em virtude da curvatura do espaço. Segundo a física quântica, não existe apenas um universo, e sim, vários universos, ou seja, multi- universos, em vez de apenas um universo.

Ele está em expansão com se fosse uma mola segundo a ciência, e a luz que vemos hoje das estrelas, é a luz de três anos atrás, ou seja, do ano de 2008, segundo a velocidade da luz das estrelas que chegam até nós.

 Ainda, segundo a ciência o universo irá se recolher em aproximadamente 12 bilhões de anos. 

Existem aproximadamente no universo + ou - 20 bilhões de galáxias, uma delas é a nossa, chamada de Via Láctea (láctea em Grego significa leite). 

A nossa galáxia é pequena, possui 100 bilhões de estrelas, uma delas é o nosso sol, considerado como uma estrela de 5ª grandeza, uma estrela anã. Em torno do nosso Sol, giram nove ou oito massas planetárias sem luz própria, que chamamos planetas, a terceira delas a partir do Sol, é a terra.

Algumas pessoas acreditam que tudo isso foi feito para nós existirmos aqui. Se assim é, quem fez é inteligente, mas não deve entender de Custo/Benefício. Tem gente que acredita que tudo isto existe só para ela, para o seu dinheiro, seu país, seu sotaque, para o cargo que ocupa em empresas, para a cor de sua pele, para a sua religião praticada; tem gente que acredita que só tem vida aqui. 

Existem na terra, 30 milhões de espécies, mas a ciência só conseguiu classificar três milhões até agora. Uma delas é a nossa, “Homo Sapiens”, com sete bilhões de indivíduos. 

Você é um dos sete bilhões de indivíduos, que fazem parte de três milhões de espécies classificadas em nosso planeta, que possui 30 milhões de espécies, que vivem em um minúsculo planeta que gira em torno de um Sol de 5ª grandeza, uma estrela anã, que é uma estrela entre as 100 bilhões que constituem a nossa galáxia, que é uma das 20 bilhões de galáxias existentes. Por isso, quando alguém pergunta, sabe com quem está falando ou sabe que sou eu? Dá vontade de responder. Você tem tempo? Senta aqui, senta aqui, que vou lhe explicar quem é você. 
Segundo definição de Fernando Pessoa, “o homem é um cadáver adiado”.
Após sabermos quem somos nós, estamos preparados para conhecermos um pouco sobre:

“AS ORIGENS INICIÁTICAS E RELIGIOSAS”.

Com o grande número de instituições que praticam as iniciações através de dramas, nada melhor que analisarmos várias obras que nos levam a uma seqüência lógica das origens dos mistérios. Sendo uma das mais completas as de Durville, como iremos ver. 

Os sábios, desde tempos imemoriais nos deixaram um grande legado de conhecimentos. Eles nos abriram as portas de mundos desconhecidos onde reina a verdade. Souberam dirigir a direção da força energética que o conhecimento fornece, aos cumes onde nasce a luz. 

Estes guias da evolução, com pensamentos que nos levam ao conhecimento, são os responsáveis por diversas etapas de evolução da nossa civilização. Fo-hi, Rama, Zaratrusta, Crisna, Moisés, Maomé, Buda, Confúcio, Lao-tsé, Hermes, Orfeu, Pitágoras, Platão, Jesus, deixaram ensinamentos necessários em várias épocas, em uma cadeia mística que nunca foi quebrada e que a humanidade ainda não entendeu. 
Por diferentes caminhos sempre tentaram nos levar para a luz, através de um sistema duplo de ensinamento: Exotérico e Esotérico. 

O Exotérico é a teoria, para o povo sem condições de se conduzirem por si mesmos. Então temos os mitos, os ritos e os símbolos, com a finalidade de ensinar veladamente. 

Os ensinamentos exotéricos, ministrados pelos mestres, de formas acessíveis, por haver divergências inconciliáveis entre religiões e as iniciações, tiveram que se adaptar ao seu tempo, costumes da época e a diversidade de povos, com mentalidades diferentes. 

O Esotérico é a prática, o segredo profundo, destinado a poucos preparados para o conhecimento. Na realidade, é a iniciação na ciência. Todas as correntes iniciáticas, filosóficas e religiosas, possuem o seu ensinamento exotérico, exterior, que velam interpretações ocultas. Foi assim no Egito, na Índia, na Pérsia e na Grécia, é assim até hoje. 

Como todas as religiões o Cristianismo no seu início, possuía uma tradição iniciática, revelada por São João nas figuras misteriosas do Apocalipse, hoje ela está abandonada. 

Os ensinamentos esotéricos, com o fato de serem secretos, eram transmitidos oralmente para um pequeno grupo restrito, muito se perdeu, ficando apenas uma pálida idéia que poucos foram capazes de compreender, não permitindo a sua difusão. 

Fica cada vez mais evidente ao procurarmos o conhecimento, a semelhança de todos os ritos e religiões. Com o espírito livre e sem idéias preconcebidas, vemos as mesmas necessidades em cada raça e povo, não pode haver sectarismo.
 Quando conhecemos estas verdades, descobrimos que todas as religiões nos levam ao mesmo Deus. A religião é uma necessidade do homem, uma necessidade do espírito. 

Com a falta de conhecimento criou-se o fetichismo, que resulta em um período onde reina a mais baixa e mais obscura magia, a feitiçaria mais negra, com o fetiche criam-se ídolos. 

Com o conhecimento passa a se reconhecer a ação de um ser superior.
A mitologia é a personificação de todas as forças. As lendas contam para os iniciados, as idéias abstratas ou fenômenos cósmicos que a multidão não podia atingir.

Sob o véu harmonioso da lenda, os padres, os sábios, os diretores espirituais, ocultam as verdades para a multidão. Surge o reino do politeísmo.
Somente os espíritos esclarecidos não acreditavam em muitos deuses, sabiam que havia apenas uma única lei consciente. 

A idéia de Deus já estava presente nos homens das cavernas, ela veio ao mundo com a humanidade. 

O iniciado não está submetido a mitos e ritos, ele possui outra concepção de Deus, pai e criador. Ele segue a senda da ciência, os véus que ocultavam e dissimulavam a idéia caíram. Ele aprende a admirar Deus diretamente, tudo que é intermediário é para ele, inútil. 

O iniciado necessita da fé, não a fé cega da multidão, ela é consciente e baseada no conhecimento. Ele passa a conhecer a aliança que deve existir entre filosofia, ciência e religião. Ele as coloca em cada ângulo de um triângulo. A filosofia necessita da ciência e da religião; a ciência necessita da religião e da filosofia; a religião necessita da filosofia e da ciência, elas são inseparáveis. Ele sabe que a variedade de caminhos conduz para a mesma luz. 

O iniciado não tem necessidade de um culto para notar a presença de Deus, a natureza lhe basta como Templo perfeito, ali ele percebe o que é divino.
Todas as iniciações oferecem aos adeptos todos os meios para se aperfeiçoar. 
A religião se dirige à multidão, pela doçura de seus ensinamentos, os centros iniciáticos revelam a verdade pura para poucos escolhidos.
As religiões e os centros iniciáticos têm o mesmo fim, por meios diferentes, ou seja, libertar o espírito da matéria para aproximá-lo de Deus. 

O conhecimento das energias e forças misteriosas que estão em torno de nós e em nós mesmos, é o ensinamento esotérico a ser compreendido, que o iniciado deve operar e apressar para o reino do bem. 

E se o caminho é penoso e árduo, todos os adeptos, devem se sustentar, formando um coração e uma alma, infelizmente isso não está sendo muito freqüente. 
A Doutrina Esotérica tem uma existência que se perde nas noites dos tempos, em épocas longínquas. A China, nos trigramas de Fo-hi nos revela a primeira idéia da trindade; as Índias, mãe de todo o saber europeu; ao Egito que instruiu Pitágoras; à Judéia, que nos legou a Cabala; à Caldéia, com as ciências de observação; à Pérsia e à Grécia, que rivalizam para nos fazer os deuses sob as mais belas formas. 
A Doutrina Esotérica tem em todos os tempos feito parte do tesouro intelectual da humanidade. 

O ensinamento esotérico é transmitido apenas através de palavras orais, e é reservado a um pequeno grupo. O que é escrito e divulgado nos meios de comunicação é destinado a cair em todas as mãos, não tem finalidade esotérica.
Mas aqueles que puserem em prática os conselhos, certamente desenvolverão a intuição que lhe permitirão conhecer, em parte ao menos, tudo que não é permitido revelar. 

Só com o aperfeiçoamento espiritual, é que poderemos deixar ao longo da jornada as nossas imperfeições, deixar de praticar a revolução que destrói e fazer a evolução que constrói. 

Os primeiros passos sobre a senda podem parecer penosos, mas a alegria é maior para aquele que avança com um passo mais seguro que a verdade esclarece e conduz à felicidade pelos caminhos da paz e da bondade. 

Conhece-te a ti mesmo, não é sem causa que os antigos tinham feito deste conhecimento o primeiro estágio da sua iniciação. 

Kong-Fu-Tse, o sábio que deu a China a sua cultura moral, cem vezes mais preciosa que sua civilização material disse: Minha doutrina consiste inteiramente, em ensinar a retidão do coração e o amor ao próximo. Há uma regra universal de conduta que se contém na palavra RECIPROCIDADE. Foi o primeiro a formular a máxima: “Não faças a outrem o que não queres que te façam”. “Venera os espíritos, mas deixa-os à distância. Tu que não és capaz de servir aos homens, como poderás servir aos deuses? Não conheces a vida, como poderás conhecer a morte?” 

Zaratrusta ensinou aos Arias da Bactriana a repelir toda idolatria e a adorar ao Senhor Onisciente (AHURA MAZDA), semelhante pelo corpo, à Luz, e, pelo espírito, à verdade. Em vão as potências das trevas e da mentira disputam o mundo às potências da luz e da Verdade; estas o levarão ao fim dos tempos.

Teu dever é antecipar esse grande dia, secundando a obra de Ahura Mazda, por bons pensamentos; boas palavras e boas ações. O guerreiro que, por sua bravura repele os inimigos; o agricultor que faz germinar o trigo; aquele que constitui família e dá de vestir aos nus; aquele que destrói Ahriman (Deus do mal) nos animais daninhos, esses são os que fazem progredir a lei de Ahura Mazda mais do que se oferecessem mil sacrifícios. 

Gautama, o Buda, renunciou os direitos de nascimento e de fortuna; ele próprio fixou sua passagem para o Nirvana (enlevo espiritual) a fim de perseguir seus esforços para abrir aos homens o caminho que conduz à extinção do sofrimento. Esse caminho é o do desinteresse e do altruísmo. “Tu não matarás. Não roubarás os bens de outrem. Não cometerás adultério. Não mentirás. Tu te absterás de bebidas e enervantes. Tu retribuirás o mal com o bem. A generosidade, a cordialidade e a abnegação são para o mundo o que a mola é para o carro. Minha lei á a do perdão para todos”. 

Moisés, o que foi salvo das águas. Entreviu na Sarça Ardente, o Deus que Abraão e Jacó conheceram por seu único e verdadeiro nome: O Eterno. Tirou da escravidão os filhos de Israel; conduziu-os às portas da Terra da Promissão e lhe comunicou do Sinai, os mandamentos que constituíram as bases da moral judaica e cristã. “Tu venerarás somente a Deus único e não talharás imagens a sua semelhança; respeitarás o dia do descanso; não jurarás em vão; honrarás Pai e Mãe; não cometerás adultério; não roubarás os bens de outrem; não levantarás falso testemunho; não cobiçarás a mulher, nem os bens do teu próximo”. 

Hermes Trismegisto, o três vezes poderoso (Rei, sacerdote e legislador) o possuidor da Ciência do antigo Egito. Feliz o que, à sua entrada no mundo subterrâneo puder dizer a seu coração, conforme a antiga fórmula do Livro dos Mortos: “Ó, meu coração, não me acuseis perante o Deus do julgamento. Eu não matei nem traí. Não persegui viúvas, nem roubei o leite às criancinhas. Não provoquei lágrimas; não menti diante de nenhum tribunal; não obriguei os trabalhadores a fazer mais do que poderiam; não fui negligente nem preguiçoso; não maltratei o escravo, no espírito do Mestre; não defraudei a ninguém; não viciei as medidas nem ultrapassei os limites dos meus campos; conciliei-me com Deus, pelo amor; dei pão ao faminto, água ao sedento, roupa aos nus; condução ao que não podia prosseguir sua viagem”. 

Platão, o discípulo de Sócrates, ensinou aos homens a se conhecerem. Desvendou-lhes o mundo das idéias puras e das realidades eternas. Nossos sentidos somente percebem as sombras da realidade, isto é, dos fenômenos e das leis; estas, porém, nos revelam tanto no domínio espiritual e físico, uma tendência crescente para o Verdadeiro, para o Belo e para o Bem, tríplice realização do Divino. Nos limites extremos do inteligível esta a idéia do Bem.

“Não se deve dizer que a justiça consiste em fazer o bem a seus amigos e o mal a seus inimigos. Justo é aquele que vive em perfeita harmonia consigo mesmo, com seus semelhantes e com a Ordem do Universo”. 

Jesus, o Cristo, disse: “Sede uma família de irmãos”, não foi compreendido pelos homens e estes o trucidaram! “Não há mais escravos”, os homens sem o compreender, mataram-no! “Procurai e encontrareis”, não foi compreendido pelos homens, que o condenaram à morte! Aquele que expulsou os mercadores do templo foi, pelos homens, privado da existência! Aquele que denunciou a mentira dos Fariseus os homens, não escutaram e condenaram-no à morte! Aquele que afrontou a tirania dos grandes e o fanatismo das multidões foi insultado e morto pelos homens! Aquele que deu sua vida pela salvação da humanidade. Vindo para completar e não para abolir a lei, proclamou o direito da Consciência em se desfazer de intermediários para com o Pai Celeste. À Samaritana disse: Um dia virá em que não se adorará mais o Pai, nem em Garazim nem em Jerusalém, mas onde todos os adoradores o venerarão, como Ele o deseja, em Espírito e em Verdade. Aos Fariseus respondeu: "Amar a Deus com todas as forças e a seu próximo como a si mesmo é da lei e dos profetas; não há maior mandamento”.

 Aos que lhe perguntaram qual o caminho para o Reino dos Céus declarou: “Procurai em primeiro lugar a justiça e o resto vos será dado em abundância”. Devemos estar atentos e reviver a palavra daquele que disse: “Sede Uma única família de irmãos! Reviver a memória daquele que disse: “Procurai e encontrareis”! Reviver o pensamento daquele que expulsou os Mercadores do Templo! Reviver o pensamento daquele que disse: “Não há mais escravos”! Reviver o pensamento daquele que pregou a Fé, a Esperança e a Caridade! 

Maomé, o Profeta, por excelência do Islam. disse: Deus é Deus e não há outro Deus. Allah reúne a Justiça, a cordialidade e a generosidade.
Ele ordena que nos instruamos. Os sábios são os herdeiros dos Profetas. A santidade não consiste em voltar, na prece, tua face para o Oriente ou para o Ocidente, mas em fazer, por amor de Deus, a Caridade aos órfãos, aos pobres e aos forasteiros. “Ninguém pode ser chamado verdadeiro crente se não desejar a seu irmão o que para si deseja”. 

Os Judeus esperam o Messias; os Mulçumanos, o Mahdi; os Cristãos, a volta do Cristo; os Budistas, Mantreya, o próximo Buda; os Hindus, o Avatar de Vixnu que se encarna de tempos em tempos para o triunfo dos bons e destruição dos maus. A humanidade ainda não entendeu que Eles tiveram todos estes nomes e outros ainda mais, porque a cadeia hermética nunca foi quebrada. Notastes a perfeita coordenação dos ensinamentos formulados pelos fundadores das Religiões e pelos organizadores das civilizações que a história nos mostra. 

Outros guias surgirão ainda, que assinalarão com suas fortes impressões a ascensão da Humanidade. Apesar, porém, da variedade de suas revelações ficai certos que eles vos falarão na mesma linguagem, porque ela corresponde às necessidades universais e aspirações permanentes da Natureza humana. Sede tolerante, porque ninguém pode definir Deus. Procurai a verdade, praticai a justiça e ame ao próximo como a vós mesmos, tal é o caminho do Dever, a única estrada da salvação. 

Há mais de quinze séculos, um sábio, revestido da púrpura romana, o Imperador Alexandre Severo, preparou um oratório onde colocou as imagens de seus heróis e de seus tipos favoritos: Zoroastro, Orfeu, Apolônio de Tiana, Abraão e Jesus, o Cristo. Veja o ponto de vista em que se colocou esse Imperador pagão, ele rendeu preito de justiça ao Bem e ao Verdadeiro onde quer que os encontre, mas somente julga as religiões e seus fundadores pelo que favoreceram o progresso da Humanidade.

Devemos conquistar e edificar um novo templo. Como diz o Evangelho: “O Reino de Deus não é aqui nem lá, está dentro de vós”.
Não é para si só que o iniciado recebe a luz. Recebe-a para difundi-la em torno de si. Ela não lhe pertence. Não sinta orgulho de saber o que vais adquirir. Espalhe a luz e sê feliz do bem que verás nascer.

PEDRO NEVES .’.
M.’. I.’. ex-Grande Inspetor Litúrgico do Supremo Conselho da Maçonaria do Brasil -. MRA.’.
Frater Loja Vila Rica – AMORC
Membro do Atrium Savassi - Tradicional Ordem Martinista
Preceptor em Belo Horizonte da Suprema Ordem Civil e Militar dos Cavaleiros Templários

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