“Porque não temos que
lutar contra a carne e o sangue, mas sim contra os principados, contra as
potestades, contra os príncipes das trevas deste século, contra as hostes
espirituais da maldade, nos lugares celestiais.” (Efésios
6-12)
I- Introdução
A palavra Chanceler é originária do latim cancellarius, servindo
para designar um título oficial atribuído em várias sociedades e cujas raízes
remontam ao Império Romano. Em épocas remotas, o título de Chanceler era dado
aos Magistrados da realeza, a quem competia à guarda do Selo Real.
No mundo atual, suas atribuições variam de uma
nação para outra. Assim, nos países germânicos, Alemanha, Suíça e Áustria,
Chanceler é o nome dado ao chefe do governo federal; nos países
latino-americanos, é o nome dado ao Ministro das Relações Exteriores e,
finalmente, em alguns países europeus como Espanha e Itália, o Chanceler é
tão somente um cargo administrativo de primeiro nível em representações
diplomático-consulares, competindo a ele chancelar, carimbar, selar, assinar
e firmar documentos nas Embaixadas desses países.
Na maçonaria, o Chanceler se constitui no quinto
Oficial da Loja, sendo precedido apenas pelas seguintes dignidades:
Venerável, Orador, Secretário e Tesoureiro. Cabe ao Ir:. Chanceler
a responsabilidade de ser o portador do Selo e Timbre da Loja, devendo fazer
bom uso do mesmo.
Seu lugar em Loja é na Coluna do Sul, junto à
balaustrada que separa o Oriente do Ocidente, ao lado do Ir:. Secretário.
II- A Jóia do Cargo
A jóia do cargo de Chanceler é um Timbre ou
Carimbo, que simboliza o fato de ser esse Ir:. o responsável pela
catalogação e guarda dos documentos da Loja, não havendo nenhum simbolismo
especial, ou significado maçônico nessa jóia.
Pela enorme responsabilidade envolvidas nessa
função muitas Lojas confiam o Cargo de Chanceler ao Mestre mais antigo do
quadro de obreiros, enquanto que no Supremo Conselho do REAA o Chanceler é o
substituto natural do Sob:. Gr:.Comendador e do Lug:. Tenente,
no caso da ausência de qualquer uma dessas dignidades.
III- A importância do cargo de
Chanceler
A análise da importância do cargo de Chanceler
pode ser feita à luz do seu significado profano combinado com os ensinamentos
do Livro da Lei. Dessa forma, temos na Epístola do Apóstolo Paulo
aos Efésios, a narrativa do Capítulo 6, Versículos
10-20, de como devemos nos proteger do mal tomando para si a
armadura de Deus, para nos mantermos firmes em nossos propósitos de Verdade e
Justiça.
Para alcançar esses objetivos o Profeta nos ensina a tomar a fé como
escudo, a espada do Espírito, que é a palavra de Deus e, finalmente, orar em
súplica no Espírito e orar também por ele, Paulo, para que quando de sua
pregação ele possa fazê-lo com confiança pois é ele mesmo o embaixador do
Evangelho e, por isso, precisar falar dele livremente como lhe convém falar.
Efésios 6:12 nos ensina: ‘Porque não temos que lutar contra a carne e
o sangue, mas sim contra os principados, contra as potestades, contra os
príncipes das trevas deste século, contra as hostes espirituais da maldade,
nos lugares celestiais’.
Lutar contra os principados, contra os príncipes
das trevas desse século e contra as hostes espirituais da maldade conforme
exortado acima, é como veremos a seguir, uma das funções do Ir:. Chanceler,
encarregado da posse, guarda e atualização do Livro Negro e do Livro Amarelo,
os quais registram os nomes daqueles que por sua conduta moral e social
inadequada no mundo profano, se constituem em verdadeiros príncipes do mal,
portanto, indignos de pertencer à nossa Ordem.
IV- As funções do Cargo
É com base na bibliografia pesquisada, e nas
disposições contidas no Artigo 100 da Seção VI do Capítulo X do Regulamento
Geral da Federação do Grande Oriente do Brasil, dedicado a administração da
Loja, que apresentamos a seguir como sendo da competência do Ir:. Chanceler,
as seguintes funções:
- Organizar um fichário dos membros da Loja
contendo informações sobre datas natalícias importantes para o Irmão e seus
familiares, anunciando em Loja essas datas e parabenizando o Irmão;
- Controlar a freqüência dos Irmãos às sessões da
Loja, mediante a coleta de assinatura dos mesmos em livro próprio (Livro de
Presenças);
- Do mesmo modo, controlar a presença de Irmãos
visitantes à Loja, colhendo a assinatura dos mesmos no Livro de Visitas, e
emitir o Certificado de Presença, assinado pelo Venerável e Orador, o qual será
entregue ao Ir:. Vis:. pelo Mestre de
Cerimônias;
- Manter atualizada a freqüência dos Irmãos às
sessões da Loja de modo a poder informar a qualquer tempo que seja solicitado
pelo Venerável, a situação de cada Irmão do quadro em condições de votar ou ser
votado;
- Manter sob sua guarda um livro de registro de
todos os documentos que porventura tenha assinado, selado ou timbrado;
- Manter sob sua guarda, e atualizado, o
denominado Livro Negro, onde é feito o registro daqueles candidatos que foram
recusados a serem admitidos na Ordem, devido a sua conduta inadequada no
mundo profano no que tange a moral e os bons costumes;
- Manter sob sua guarda, e atualizado, o
denominado Livro Amarelo, onde é feito o registro daqueles candidatos que
foram recusados a serem admitidos na Ordem por motivos de ordem transitória,
ou seja, por motivos menos graves e passiveis de solução a curto e médio
prazo;
- Comunicar ao Venerável, baseado nas anotações
do Livro de Presenças, qual ou quais membros da administração da Loja deverão
ter os seus cargos declarados vagos em virtude de longa e prolongada ausência
às sessões da Loja, sem motivos que justifiquem tal ausência;
- Quando da sindicância para a admissão na Ordem,
foi solicitado ao Irmão que declarasse estar o mesmo em condições de
freqüentar com assiduidade as sessões da Loja; a partir do momento que o
Irmão negligenciar esse compromisso sem justificativas aceitáveis, cabe ao
Chanceler alertá-lo, por escrito, das conseqüências do não cumprimento do
compromisso firmado por ocasião de sua admissão, que podem culminar com a
exclusão desse Irmão da Ordem;
- Elaborar em todas as sessões, memorandos que
serão expedidos pelo Secretário aos Irmãos que faltaram injustificadamente
àquela sessão, solicitando aos mesmos esclarecimentos a cerca de sua ausência
nos trabalhos da Loja;
- Quando da abertura dos trabalhos em Loja,
responder afirmativamente, ou não, a seguinte pergunta do Ir:. Venerável:
‘Há número regular para a abertura de nossos trabalhos?’. Com base nas
assinaturas colhidas no Livro de Presenças, o Chanceler informará se é
possível ou não, der prosseguimento aos trabalhos da Loja;
- Por último, apenas a título de informação e
preservação da nossa história, nos rituais originais do REAA, competia ao
Chanceler marcar com o timbre da Loja o peito do candidato quando de sua
iniciação, de forma a manter gravado em seu peito o juramento de lealdade e
fidelidade a Ordem, simbolizando um sinal inextinguível, prestado quando da
sua admissão no Quadro de Obreiros. Para esse fim, o Chanceler aquecia a jóia
do seu cargo, Timbre ou Carimbo, e marcava o peito do candidato, à altura do
seu coração. Essa prática, atualmente, não faz mais parte de nossa
ritualística.
Dessa forma, cumprindo as obrigações acima, o
Chanceler dá por realizada sua tarefa em Loja e permite que os trabalhos
sejam iniciados no REAA, obedecendo aos princípios da legislação maçônica e
contribuindo para que esses trabalhos transcorram de modo justo e perfeito.
Bibliografia:
- Cadernos de Estudos Maçônicos, Ed. A TROLHA,
6.ª Edição, Julho 1995 – Assis Carvalho
- Cargos em Loja, 7.ª Edição, Ed. A TROLHA, 1998
– Assis Carvalho (Xico Trolha)
- Regulamento Geral do Grande Oriente do Brasil,
Ed. 1997
- Regimento Interno da Loja Maçônica Progresso
n.º 204
- A Bíblia Sagrada – Tradução de João Ferreira
Almeida.
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CARGOS EM LOJA: O CHANCELER
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